Bongiorno Principessa!

Sempre gostei de filmes da Disney, de histórias de amor e finais felizes (que ainda assim me faziam chorar compulsivamente). Cresci com a Branca de Neve, a Bela Adormecida, a Ariel… Na minha adolescência conheci a Esmeralda e a Megara, princesas modernas de filmes que acabavam da mesma forma como os do passado: “and they lived happily ever after”. Para o bom ou para o mau, cresci a acreditar que para cada um de nós, há alguém guardado, e que eu tinha dito a sorte de encontrar o meu príncipe aos 20. Apaixonei-me (cedo?), mas assim daqueles amores à séria, que pensamos ser para toda a vida, e cujo futuro inclui 3 ou 5 filhos com a inteligência do pai e a perspicácia da mãe. Um conto como nos filmes da Disney, onde nem tudo sempre foi bom, onde por vezes apareciam monstros e (muitas) bruxas, mas em que durante 3 anos e meio foi o mais perfeito que se arranjou. Até que de repente: PUFF. Não se fez o Chocapic, mas o príncipe foi embora no seu carro branco e eu fiquei lavada em lágrimas (desta vez não por um final feliz) numa qualquer rua de Lisboa.

Num espaço de tempo de 24h a minha vida deu um a volta de 180º e eu tinha de aprender a andar de pernas para o ar. E logo eu, que sempre fui péssima a Ed. Física!! A fita do meu filme partiu-se e mais parecia que eu havia caído num mundo onde ninguém falava a minha língua. Confesso que o facto de eu chorar compulsivamente talvez tenha influenciado um bocadinho… (não deve ter sido em vão que andei 5 anos num curso de Com. Social a ouvir que se há “ruído” a “mensagem”, não chega em condições do “emissor” ao “receptor”, mas enfim, adiante…).

Foi algures por aqui que entraram na minha vida Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda. Reconhecem-nas? (a pergunta pode ser redundante para as meninas, mas os comentários aos meus posts são maioritariamente masculinos e nem eles têm obrigação de conhecer as personagens do “Sexo e a Cidade” – embora devessem!). De facto, elas sempre lá estiveram, simplesmente eu estava tão embrenhada no meu mundo de “Dona de Casa Desesperada” que nem me apercebi que a vida no outro canal era bem mais animada.

Havia bem perto de mim uma Samantha que dorme com quem lhe apetece sem remorsos (e para quê se eles também não os têm?); uma Miranda que só pensa no trabalho; a Charlotte que continua a sonhar com o príncipe encantado (nunca se apaixonou… até eu já lhe dou o desconto); e a Carrie, que lá vai ficando com o seu Mr. Big, sem compromissos, e sem ver que no fundo está a fazer tudo mal e já se apaixonou há muito…. Estas são as mulheres da minha nova vida. E nem preciso de ir a Nova York pois todas estão à distância de um café no Bairro Alto. E depois há o amigo gay, altamente assumido, sem preconceitos e que dá um jeitão para ir às compras. Querem melhor?

Sem me dar conta, parece que todas estas personagens entraram na minha vida, sem pedir licença, tal como não pediu para sair o meu pseudo-príncipe quando fugiu com a Ciderela. Felizmente ele deixou a porta aberta…

Ontem fui ver o “Enchanted”. Não gostei. Quem diria que era possível…? Acho que 2007 só podia ter exactamente esse resultado… Sou princesa sem trono, mas com uma coroa que pisca numa vida que mais parece uma série televisiva, chamada “Vidinha da Aninhas”.

Ainda moro debaixo do tecto dos papys (esperam-se alterações em 2008), mas as minhas compras são pagas por mim, o meu curso é pago por mim, o meu carro vem a caminho (devagarinho…), as cotas do SLB estão em dia graças a mim, e até vou viajar com aquilo que eu poupei. Agora sou EU e os meus AMIGOS, aqueles que me fazem sentir uma verdadeira princesa, e não uma daquelas tontas que me habituei a adorar ou a recorrer sempre que estava em baixo.

Dizem que Ano Novo é Vida Nova. Se aprendi alguma coisa este ano, foi a ter cuidado com o que desejamos e que a nossa vida pode re-começar todos os dias.

Como dizem os pacotes de açúcar: Hoje é o dia!!

Vemo-nos/lemo-nos para o ano. Qualquer coisa, estarei em Milão, algures entre as Galerias Vittorio Emanuele (ouvi falar em Saldos?) e a Porta Romana (Un cappuccino, per favore!). Diz que quando voltar até já deixei de fumar… Depois penso nisso.

Arrivederci bambini …