What a f*ck?

Sempre me dei melhor com rapazes do que com raparigas. Gosto particularmente da relação que tenho com alguns dos meus amigos, para quem sou literalmente mais um “gajo” à frente de quem podem dizer tudo sem tabus, mantendo os momentos em que me protegem como uma verdadeira “princesinha” em que nada nem ninguém me pode tocar.

Já ouvi com cada história e soube de certas coisas, que às vezes dou por mim a pensar que os homens até têm razão quando dizem que não são nada complicados, basta que olhemos o mundo da mesma forma que eles. Ainda assim volta e meia conseguem surpreender-me.

A noite já ia longa e a enchente de copos de plásticos com restos de vodka e cerveja em cima da mesa fazia adivinhar o estado dos três que se encontram sentados à mesa. Não estávamos juntos pessoalmente há semanas. A vida de crescidos tem destas coisas.

– Ainda estás com a Maria? – pergunta T, literalmente do nada.

(Olho para um. Olho para o outro. Adoro quando alguém se antecipa e faz as perguntas indiscretas que eu queria fazer e ainda não tinha encontrado o momento “certo”)

- Não. – responde C com a maior calma do mundo enquanto puxa o milésimo cigarro da noite. – Desd’aquela cena com Bia, decidi acabar tudo. Acho que devemos ser justos nestas cenas das traições.

- “Justos nestas cenas das traições”? O que é que queres dizer com isso pah? – pergunta T com um sorriso cúmplice.

- Fiz o que gostava que me fizessem. Contei-lhe que a tinha traído e acabei a relação.

(“Não sejas gaja, não sejas gaja”, oiço dentro da minha cabeça. Não aguentei.)

- Deixa-me ver se percebi. O que gostavas que te fizessem eram meterem-te os cornos e depois os patins?

(silêncio)