Coisas da idade

Estou quase a fazer anos.

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Desde os 18 que detesto a data e a comemoro com uma choradeira valente. Este ano vou fazer 25 Verões (sou de Agosto, por isso não faz sentido dizer Primaveras).

Por mais que eu tente alhear-me desse facto/data, está a ficar um pouco difícil visto que constantemente encontro cronómetros em contagem decrescente para os Jogos Olímpicos de Pequim. Até aqui nada de especial, ou não fizesse eu o dito aniversário no dia em que começam as Olimpíadas. Como podem compreender, é um bocadinho difícil esquecer-me que faltam precisamente X dias (às vezes até sei horas e minutos!) para completar um quarto de século.

Ontem, num dos meus habituais monólogos enquanto espero pelo autocarro, dei por mim a pensar “Epah, estás mesmo a ficar crescida!”. Cinco minutos depois concluí que afinal a essência do “crescida” estava apenas nas minhas sandálias de salto alto, porque vistas bem as coisas continuo quase na mesma como há um ano, e digo quase, porque continuo a achar que estou quase a sair de casa dos meus pais, quase a comprar um carro, quase a trabalhar novamente em Rádio…

“Lá está ela com os exageros”, pensam alguns de vocês. Em algumas aspectos até têm razão porque se há nove meses atrás, uma daquelas ciganas que está sempre em Belém quando me dá para comer um pastel de nata, me agarrasse na mão e dissesse que em Julho de 2008 eu estaria a escrever para revistas de cavalos e de carros, teria feito um Pós-Graduação, e estaria solteira, acho que olhava para ela e a mandava ir vender DVDs pirata para o mercado de Cascais.

Cazuza dizia que “o tempo não pára”. Sou obrigada a reconhecer, que apesar deste cantor e compositor brasileiro não saber dosear as quantidades de álcool e drogas ingeridas, sabia muito bem o que dizia em alguns momentos (e cantava-os ainda melhor). Felizmente as noites de sono mal dormidas e a má alimentação dos últimos meses não me envelheceram, pelo contrário, tornaram-me numa jovem muito mais esbelta (quem disse que só comer “porcarias” engorda, ah?).

Há contudo os efeitos secundários do stresse (doença da moda, que chic!). De facto não tenho nem um cabelo branco, mas estou prestes a ficar careca. Em vez de rugas tenho sardas. Vejam só para o que me havia de dar depois de velha?

“Velha com 25 anos? Está é parvinha!”

Sim, isto sou eu outra vez a ler-vos os pensamentos. Não ando bem da cabeça, eu sei. Vejam lá que o meu chefe até me ofereceu um livro de auto-ajuda (não é “O Segredo”, antes que alguém pergunte). Se isso já demonstra que algo de mau se passa na minha vida, pior será dizer que 1) estou a lê-lo e 2) estou a gostar.

Só pode mesmo ser da idade…!

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