Salada Russa

Apesar de andar a almoçar comida chinesa há 3 dias, ter passado a tarde a falar italiano e ter sido por duas vezes confundida com uma espanhola na semana passada, escusava o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de estar à minha espera ontem à noite no Cais do Sodré.

Como se não bastasse o meu mau humor graças a 5 golos – que só prova que nem sempre é verdade o que o defunto dizia, de que “é disto que o meu povo gosta” – aparece-me um armário do SEF com 2m de altura e cara de poucos amigos, a pedir-me a identificação.

Aninhas abre a carteira e podia ter sido o cartão do Minipreço, do Circulo dos Leitores ou o das Farmácias de Portugal. Mas não. Salta o meu cartão de sócia do Benfica.

É o impasse.

Eu olho para o armário de SEF e a minha cara passa de “fula” a “piursa”.

O armário do SEF olha para mim e a cara dele passa de “vou-te prender” a um “estou desesperado”.

Armário do SEF – Sabe o resultado final do jogo?

Princi – Perdemos 5 a 1.

Armário do SEF – Então passe.

Princi – Mas afinal quer o Passe ou o B.I.?

Armário do SEF – Vá-se lá embora…

Cinco frases por causa de cinco golos, foi o que bastou para ficar entre mim e o armário do SEF, uma cumplicidade de dois benfiquistas com vontade de apanhar um avião para a Grécia para bater nuns quantos brasileiros.

A diferença, é que eu fui para o que um certo ministro chamou de deserto, e que de Marrocos só tem a droga que dá à costa. Já o armário do SEF ficou na estação dos barcos e deve ter mesmo acabado a noite a bater em algum brasuca.

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